Pesquisar este blog

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Cidades Sustentáveis

da Redação em 22/07/10
A Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis e o Movimento Nossa São Paulo – organizações apartidárias e inter-religiosas da sociedade civil – desenvolveram a “Plataforma Cidades Sustentáveis”, uma publicação que apresenta um compilado de múltiplas práticas de sustentabilidade urbana em vigência em diversas cidades do mundo.
O objetivo é proporcionar referências para ações públicas e privadas no Brasil, bem como contribuir com o debate eleitoral e com os programas dos candidatos nas eleições de 2010, a fim de promover maior qualidade de vida nas regiões urbanas.

Leia mais  




A equipe executiva da Plataforma Cidades Sustentáveis optou pelo uso de bicicleta, combustível limpo e caminhadas à pé. O tele trabalho foi utilizado em grande parte do projeto. Algumas outras atitudes simples também fizeram parte do cotidiano da equipe, como a separação de resíduos, a compostagem (minicário), a mini-horta orgânica, a iluminação e o uso de eletrodomésticos de baixo consumo, entre outros. Para a impressão resumida da pesquisa, optamos pelo uso de papel branco virgem certificado pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC Brasil). A entidade garante a origem correta da madeira - proveniente de florestas plantadas e sustentáveis - para a produção do papel; os certificados de carbono monitoram a emissão durante o processo; e o ISO 14001 monitora a geração de resíduos das fábricas.


sumário
Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis 9
Apresentação - Plataforma Cidades Sustentáveis 11
Governança 15
Bens Naturais Comuns 21
Equidade, Justiça Social e Cultura de Paz 27
Gestão Local para a Sustentabilidade 33
Planejamento e Desenho Urbano 39
Cultura para a Sustentabilidade 45
Educação para a Sustentabilidade e Qualidade de Vida 51
Economia Local, Dinâmica e Sustentável 57
Consumo Responsável e Opções de Estilo de Vida 63
Melhor Mobilidade, Menos Trafego 69
Ação Local para a Saúde 75
Do Local para o Global 81
Planejando Cidades do Futuro 87
Mapa 91

Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis
Lançada em Belo Horizonte, em 8 de julho de 2008, por um conjunto de organizações e movimentos da sociedade civil brasileira, a rede tem como missão comprometer a sociedade e sucessivos governos com comportamentos éticos e com o desenvolvimento justo e sustentável de suas cidades, tendo como valor essencial a democracia participativa. Os movimentos e organizações que integram a rede são totalmente apartidários e inter-religiosos, concentrando suas ações e propostas nos interesses públicos, sempre preservando sua autonomia e independência face aos governos de todos os níveis.

Os movimentos e organizações que compõem a rede trabalham com perspectivas metodológicas semelhantes, incluindo o monitoramento das políticas públicas por meio do acompanhamento sistemático dos indicadores sociais das  cidades e realizando pesquisas de percepção com a população. Alem disso, os movimentos locais buscam maior incidência nas políticas publicas, apresentando propostas aos poderes municipais, assim como exigindo transparência e participação cidadã na gestão publica.

A rede hoje conta com movimentos em cerca de 40 cidades brasileiras (www.rededecidades.ning.com) e tem dado passos significativos para qualificar o controle social dos poderes públicos, assim como para elaborar ferramentas de conhecimento e monitoramento sobre a qualidade de vida nos municípios.

Nesse contexto, os movimentos se constituíram, também, em importantes atores de interlocução e proposição junto aos legislativos e executivos municipais, dando contribuição substantiva a formação de uma nova cultura política na relação estado/sociedade, em que se dissemina a convicção da ética da co responsabilidade sobre aquilo que é de interesse publico, envolvendo múltiplos atores na gestão da cidade.

A Plataforma Cidades Sustentáveis e fruto de uma parceria entre a Rede Social Brasileira, o Movimento Nossa São Paulo e a Fundação Avina. Ela constitui, para alem desta publicação, mais uma importante ferramenta para continuarmos perseguindo nossos objetivos, principalmente pelo caráter dinâmico e participativo que caracterizara o seu site (www.cidadessustentaveis.org.br ), acolhendo sugestões de novas boas praticas de sustentabilidade urbana, democratizando referencias para a sua multiplicação e disponibilizando informações atualizadas para os municípios brasileiros, gestores públicos e sociedade civil.

Esperamos que a Plataforma seja uma fonte de inspiração tanto para programas de governos, quanto para a atuação de movimentos e organizações da sociedade civil que lutam pelo desenvolvimento sustentável.

Por isso, escolhemos as boas praticas que já deram resultados concretos – não são propostas teóricas ou utopias, mas ações em prol da sustentabilidade urbana que já estão implantadas em varias cidades do mundo. Alguns caminhos estão dados, outros se abrem. Agora, nos resta incorporar, definitivamente, a dimensão fundamental da sustentabilidade ao desenvolvimento brasileiro, em cada município, estado e região do Pais.

Este trabalho é fruto de uma construção coletiva, contou com a colaboração de muitas pessoas, organizações e empresas. O Movimento Nossa São Paulo e a Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis agradecem o apoio e a dedicação de todas!

Para conhecer melhor a Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis acesse:

Apresentação
A Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis e o Movimento Nossa São Paulo – organizações apartidárias e inter-religiosas da sociedade civil desenvolveram a Plataforma Cidades Sustentáveis, uma publicação que apresenta um compilado de múltiplas praticas de sustentabilidade urbana em vigência em diversas cidades do mundo. O objetivo e proporcionar referências para ações públicas e privadas no Brasil, bem como contribuir com o debate eleitoral e com os programas dos candidatos nas eleições de 2010, a fim de promover maior qualidade de vida nas regiões urbanas. Todas as informações contidas nos exemplos destacados foram obtidas dos sites dos responsáveis pelo desenvolvimento de cada um dos projetos ou de instituições que vem fazendo o acompanhamento e divulgação de boas praticas nesta área.

A estrutura desta publicação foi inspirada nos compromissos de Aalborg, lançados em 1994 na I Conferencia sobre Cidades Européias Sustentáveis, na cidade dinamarquesa de mesmo nome. La foi aprovado o documento base da campanha, denominado de Carta de Aalborg.

Portanto, nesse trabalho você encontrara toda a informação organizada em 12 eixos temáticos  dez deles provenientes da carta de Aalborg  alem de outros dois novos eixos agregados em razão da realidade brasileira. Dentro de cada eixo ha uma definição conceitual da temática abordada, objetivos sugeridos para a ação e casos de soluções inovadoras que apresentaram resultados positivos em diferentes cidades do mundo.

A publicação e um resumo da pesquisa que ficara disponível na integra no portal www.cidadessustentaveis.org.br, como um passo a mais no processo de construção de cidades mais justas, democráticas e sustentáveis no Brasil.

Contexto e justificativa
Mais da metade da população mundial vive hoje em cidades e, ate 2050, serão mais de 75%. Só no Brasil a população urbana chega a 85%, o que coloca este tema como uma das grandes prioridades das políticas publicas do Pais.

As cidades também são responsáveis por cerca de dois terços do consumo mundial de energia e por 75% de todos os resíduos gerados pela população. Neste contexto, falar de dignidade humana, equidade e justiça social, segurança, trabalho, educação, economia, mudanças climáticas, saúde, meio ambiente, enfim, de qualidade de vida, e falar de cidades sustentáveis.

Sustentar origina-se do latim sustento, que significa suportar, suster, defender, proteger, favorecer, manter, conservar, cuidar. E sustentabilidade é a característica ou condição de renovação do conjunto de elementos necessários a manutenção da vida. Conforme dados da Organização WWF, nosso consumo de recursos naturais está perto de esgotar a capacidade do planeta de regenerá-los para sustentar a vida na Terra.

Segundo a ambientalista indiana Vandana Shiva, a regeneraçãé parte da essência da vida e é o principio central que guia sociedades sustentáveis - sem regeneração não pode haver sustentabilidade. A sociedade industrial moderna, contudo, não tem tempo para pensar em regeneração e, portanto, não tem espaço para viver de forma regenerativa. Sua desvalorização dos processos regenerativos e a causa tanto da crise ecológica como da crise de sustentabilidade.
Caso esta tendência continue, em 2050 precisaremos de um segundo planeta para atender as nossas demandas de recursos (energia, água, alimentação etc.) a fim de manter o atual padrão de consumo.

Estamos vivendo um momento muito importante para a nossa civilização, e um novo modelo de desenvolvimento esta sendo desenhado. O que torna fundamental a substituição da abordagem linear por uma abordagem sistêmica em todos os processos.

A partir desse cenário, a necessidade de mapeamento do impacto das atividades do homem sobre os ecossistemas surge como uma nova etapa fundamental no planejamento das políticas publicas. Dentre as iniciativas pesquisadas, a Analise de Pegada Ecológica chama a atenção por sua aplicação em diversos temas abordados nesta publicação, como indexador de sustentabilidade e ferramenta transversal para a criação de políticas e ações para o desenvolvimento sustentável.

Cidades que conhecem os recursos naturais que consomem devem também se responsabilizar pela proteção e regeneração dos ecossistemas em que causam maiores pressões. Estudos como estes, realizados em diversas cidades ao redor do planeta, possibilitam a criação de programas para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, saudável, democrática, consciente, responsável e sustentável.

A partir dessa forma de pensamento sistêmico, a cultura da permanência nos traz uma nova ética.

O cuidado com a natureza e as pessoas, o compartilhamento dos excedentes e o estabelecimento de limites razoáveis ao crescimento, produção e consumo são algumas das chaves neste novo modelo de desenvolvimento que está surgindo.

Por meio de processos de mapeamento, planejamento e desenho de ambientes que levem em consideração essa nova ética, assim como características ambientais locais e regionais, demandas individuais e coletivas, é possível compatibilizar o bem-estar e as necessidades básicas das atuais gerações com as futuras.

O nosso cotidiano representa uma parte fundamental da mudança cultural. E necessário estabelecer hábitos e costumes de vida simples e ecológicos. O que significa caminhar para um estilo de vida integrado e equilibrado com o meio ambiente em todos os aspectos básicos de nossas vidas, como transporte, saúde, alimentação, educação, habitação, entre tantos outros.

Esta publicação e o seu respectivo site fazem parte de um processo que visa colocar na agenda brasileira, definitivamente, a mudança cultural fundamental que representa o desenvolvimento sustentável.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Seis Tendências Digitais a observar

Seis Tendências Digitais a observar

Tradução de;
Six Digital Trends To Watch

Obrigadogilgiardelli 
6 tendências digitais para ficar de olho:http://migre.me/YUKC by @inovadoresespm   (Twitter)

Originalmente publicado na Edelman Digital  (http://edelmandigital.com/2010/07/09/six-digital-trends-to-watch/  )



Meu colega Steve Rubel e eu usamos muitos chapéus na Edelman. Um desses chapéus é manter um olho nas tendências acontecendo em tempo real e o significado decorrente delas e como elas afetam organizações e marcas. Anexado a este post está um slideshow onde identificamos ( http://www.slideshare.net/EdelmanDigital/six-digital-trends-to-watch-by-steve-rubel-and-david-armano ) o que essas tendências são e, a um nível elevado, como a sua organização precisa se planejar para elas. São elas:



Marketing na era dos ‘streams

Seus clientes, consumidores e trabalhadores já não estão apenas visitando páginas estáticas da Web, mas participando em conversas que ocorrem fora do seu domínio, cada vez mais em "streams" fluindo no Facebook, Twitter e até mesmo aplicativos. A fim de capturá-los, você deve ser altamente relevante em seus "streams".



A ‘Googleização’ dos meios de comunicação

Conteúdo de Qualidade e potentes conexões sociais, em adição às tradicionais palavras-chave, estão influenciando quão visível você está para os motores de busca. Todo mundo é mídia.



A década de dados

Os dados estão, crescentemente, tornando-se disponíveis para qualquer um e todos. A partir deles podemos obter insights sobre comportamentos. Devemos nos tornar “viciados em dados" para aproveitar plenamente esta tendência.



Negócios tornam-se sociais

Movendo-se do porta-voz designado para o engajamento dos empregados, em escala – o próprio Negócio está começando a parecer mais social conforme as organizações começam a envolver todos os interessados ('stakeholders' ) de formas abertas e mutuamente benéficas.



Localização, localização, localização

“Onde você está”  está se tornando o novo “O que você está fazendo” conforme múltiplas plataformas começam a adotar novos “status update” de georeferenciamento gerando novos tipos de dados.



Privado se torna público

Apesar das preocupações com a privacidade, as aplicações e os comportamentos que apóiam o compartilhamento social estão ainda mais fortes. O que é considerado privado vai se redefinindo conforme continuamos nos engajando em redes.



Acreditamos que essas tendências não são o futuro, mas o que está acontecendo neste exato momento. E que farão com que as organizações se adaptem à mudança, adotem novas práticas e inovem em concordância com elas. Para conhecer mais insights, idéias e perspectivas você pode visitar o nosso recém-criado “canal de marca" (http://www.slideshare.net/EdelmanDigital/  ) no Slideshare.


segunda-feira, 19 de julho de 2010

Os livros tem sido ruins para nós?

Os livros tem sido ruins para nós? 
por Rob Paterson 
12 de maio, 2010 às 1:10 pm · Arquivado em: Colaboração, Comunidade, Cultura, Inovação, KM, Efeito de Rede, Relacionamentos, Mídia Social, Social Networking, Objetos Sociais, Confiança, Espaços Confiáveis, Revolução de Usuários, Wikinomics, Wikipedia, Sabedoria de Multidões 

Tradução de:
Have books been bad for us?
by Rob Paterson
http://www.fastforwardblog.com/2010/05/12/have-books-been-bad-for-us/

Um pensamento muito estranho tem sido construido em mim por meses. Os livros tem sido uma coisa ruim? 
SCA-campfire
Isto é melhor? 

Se assim for - por quê? 

Se assim for - É esta a fogueira de todas as fogueiras? 

Internet Graph

Então, qual é o meu argumento? 

Muitas pessoas hoje estão convencidas de que o nascimento da web está nos tornando estúpidos. Que a web é apenas superficial. Que só os livros densos podem conter e difundir o conhecimento real. 

Estou chegando à conclusão de que o oposto é verdadeiro. Que os livros tornam-nos estúpidos e que a web, como a fogueira, e pelas mesmas razões que para a fogueira, é o que nos torna inteligentes. 

Então aqui vai. Todo o nosso conhecimento fundamental foi descoberto ao redor da fogueira. Imagine você um hominídeo sentado ao redor do fogo durante a noite. Você está acordado. Você está olhando para o outro. Imagino que num primeiro momento, antes que pudéssemos falar, cantaram ou fizeram música juntos. O fogo provocou uma dança social de interação e comunidade. 

Acho que podemos supor que a fogueira nos ajudou a falar e por isso nos ajudou a nos tornarmos conscientes. Algo assim aconteceu cerca de 100.000 - 60.000 anos atrás. E prontamente todo o nosso desenvolvimento de ferramentas, arte e tecnologia decolou. Todos os alicerces do nosso mundo de hoje foram descobertos em um período de 10.000 anos. Ferramentas tinham sido as mesmas por um milhão de anos. Dentro de 1000 anos elas eram completamente diferentes. Nós inventamos a cerâmica. Nós inventamos a metalurgia. A roda. Tudo o que depende foi descoberto em seguida. Não só foi descoberto, mas amplamente divulgado em um curto período de tempo. 

Como isso ocorreu? 

Minha aposta é que isso aconteceu devido ao processo social criado pela fogueira e por nossa cultura igualitária de caçador e coletor. Tal ambiente extraí ordem do caos. Design da intuição. É ideal para a exploração do conhecimento implícito. É ideal para descobrir coisas que não sabemos existir. É ideal para tomar uma meia idéia bruta e refiná-la. Vamos usar um experimento de pensamento. 

Como obter a invenção da cerâmica? Certamente ninguém disse: "Vamos criar um projeto para inventar Olaria!" Como você pode inventar algo que nunca existiu? Não, deve ter acontecido algo como isto - O Povo parou para passar a noite depois de uma chuva. Na manhã seguinte, quando se preparavam para sair, a guardiã do fogo percebeu que o fogo sob as brasas que ela recolhia, o solo já havia feito uma crosta. Talvez ela possa levar ao fogo nesta coisa - esta tigela. Naquela noite em que dividiam a comida ao redor do fogo, ela disse ao povo o que havia acontecido e mostrou-lhes a taça "que ela tinha levantado da terra no dia anterior. E a conversa começou - como isso teria acontecido? Será que ele conservava melhor o fogo? O que mais poderia conter? O que acontecia se colocado de volta no fogo? Seria possível conter a água? E assim por diante. Os experimentos foram realizados. Alguns solos funcionaram melhor do que outros. Na reunião sazonal com os Povos Primos, o Povo compartilhou a sua história com os outros e deu até uma "tigela" como um presente de seus idosos. Na reunião da próxima temporada, as duas tribos passaram dias compartilhando as histórias das experiências que eles haviam feito... .... 

Não houve revisão por pares. Não havia nenhuma maneira autorizada para fazê-lo. Ninguém estava ensinando a ninguém. Eles estavam compartilhando e perguntando e discutindo. Eles estavam tendo conversas! 

Mas com o livro vem a autoridade. Com o advento do livro, muito do desenvolvimento do conhecimento parou. Apenas os iniciados estavam com o "poder de jogar". O que importava não era a observação. Não era tentativa e erro. Nem o experimento. Nem a partilha. Mas a autoridade. A maioria das autoridades aceitas foram textos que não tinha fundamento na observação ou a experimentação e no erro. Ptolomeu, Santo Agostinho e Galen estabeleceram as regras. 

Pior, por causa do "Livro" pessoas que fizeram observações e testes foram mortos ou perseguidos. O Livro tornou-se o ÚNICO CAMINHO. Ele fala, não você. 

Por um tempo, com o advento da imprensa, o conhecimento foi aberto. 

Mas de onde é que os grandes avanços vêm, em seguida? Eles vêm das Universidades? Não, eles vieram de amadores - a partir de Filósofos Naturais. Que se reuniam em clubes durante o jantar para falar sobre seu trabalho. Gradualmente, o "LIVRO" voltou. Somente artigos escritos e aprovados dentro do sistema de autoridade foram acreditados como estando certos. Pessoas de fora do sistema de autoridade foram desconsideradas. 

O conhecimento era visto como uma coisa explícita - um objeto. O Livro foi a sua metáfora. 

Mas agora com a web, temos uma fogueira global. Mais uma vez, podemos jogar com idéias, com observações e experimentos. Mais uma vez podemos compartilhar com os iguais que não vão nos derrubar. Ainda melhor, desta vez o grupo em torno da fogueira não é de 35 pessoas, mas somos todos nós. 

Que novas coisas virão a partir de tal processo? Certamente coisas surpreendentes. Coisas que nunca poderia ter vindo da utilização de livros. 

Como uma pessoa, que adora livros, cuja vida sempre tem sido ler, agora eu me sinto maravilhado ... ...

sábado, 10 de julho de 2010

MediaLabs do MIT: "Sexto Sentido": um dispositivo tecnológico que mudará a nossa vida no futuro.

Esta demonstração -- do laboratório da Pattie Maes no MIT, coordenado por Pranav Mistry -- foi um destaque no TED.... É um dispositivo que se veste, com um projetor que abre caminho para uma profunda interação com o meio a sua volta. Imaginem "Minority Report", e então algo mais...


---------- Mensagem encaminhada ----------


 
----- Original Message -----


Pattie Maes é pesquisadora do MediaLabs do MIT (Massachussets Institute of Technology). Para quem não sabe, trata-se de um dos maiores, se não o maior, dos Institutos de pesquisa científica do mundo e apresenta o "Sexto Sentido": um dispositivo tecnológico que mudará a nossa vida no futuro. 
Se houver dificuldade com o inglês, basta escolher legendas em Português (Brasil), logo abaixo da tela de vídeo. 


Prepare-se para ver o futuro... 
http://www.ted.com/talks/lang/eng/pattie_maes_demos_the_sixth_sense.html

O Free, de Chris Anderson. O quanto é real?

Sexta-feira, 16/10/2009
O Free, de Chris Anderson

http://www.digestivocultural.com/upload/juliodaioborges/2912-1.jpg
* O Free, do Chris Anderson, acabou chegando mais rápido do que eu esperava, no Brasil. Mesmo assim, acabei adquirindo aedição em inglês. O livro veio cercado de muita expectativa... Quando li o primeiro artigo sobre o conceito de "free", ainda naWired, estávamos à beira da crise econômica mundial, e, na minha cabeça, sua argumentação não fez o menor sentido... Parecia que Chris Anderson queria levar as ideias do Long Tail, seu livro anterior, às últimas consequências. Me ocorreu, ainda, que a indústria editorial podia tê-lo obrigado a produzir uma nova obra-prima — mas, como sabemos, isso não se dá, assim, industrialmente... O seu insight, do Long Tail, é brilhante, mas, antes de entrar em Free, não acho que ele conseguiu repetir o feito. A polêmica subsequente se revelou quase tão interessante (ou mais) que o livro... Primeiro, Chris Anderson foi atacado por Malcolm Gladwell, autor de Outliers, na New Yorker. E, de certa maneira, foi decepcionante constatar o quanto Gladwell se mostrou conservador para defender... a New Yorker. (Ou seja: você pode ter ideias bem modernas sobre as coisas, mas, quando o assunto envolve seu emprego, você retrocede às posições mais tacanhas...) Seth Godin, guru do marketing na internet, veio em socorro de Anderson. E alertou Gladwell: o mundo se transformou, pare de defender o que vai acabar, se você não quiser acabar junto... 

* Mas vamos às ideias de Anderson, antes que alguém se perca pelo caminho... Em Long Tail, ele defende que a participação dos blockbusters, que antigamente dominavam os mercados de cultura (por exemplo), é cada vez menor; e que a participação do "resto", uma cauda longa, de vários produtos que vendem pouco, com preços tendendo a zero, é cada vez maior. Chris Anderson usou, principalmente, exemplos da Amazon e de outras lojas virtuais, como a locadora Netflix. Num ambiente de "tijolo e cimento", o comércio desses itens, de pouca saída, ficaria impedido — ao contrário do que acontece na internet, onde o custo de armazenamento é consideravelmente menor e onde essa economia, antes escondida, da cauda longa (long tail), poderia se manifestar e se revelar mais plenamente. O resumo da ópera é que, com o advento da internet, a tal "cauda longa" seria responsável por metade do movimento em e-commerce — e que suas possibilidades, de comércio de poucos itens, e de pequenos fornecedores, criaria mercados antes impossíveis (na economia real). Assim, num mundo ideal, um escritor de poucos leitores, um músico de alguns ouvintes, um cineasta de público reduzido, sobreviveriam, encontrando suas respectivas audiências, graças à internet. 

* Em Free, Anderson pega essa ideia dos "preços tendendo a zero" e extrapola, imaginando um mundo em que quase todos os produtos seriam de graça, e onde se ganharia fazendo uso de outras modalidades econômicas, como serviços. Nas chamadas indústrias culturais, isso é mais fácil de se entender porque, de certa forma, já está acontecendo. Não entrando aqui em dilemas éticos sobre coisas como "pirataria" e direitos autorais, o fato é que você pode adquirir músicas praticamente de graça hoje, filmes quase de graça, informação praticamente de graça, também, e os preços dos livros — com o Kindle e similares — tendem a cair sensivelmente... Chris Anderson extrapola no sentido de dizer: "Já que é quase de graça, ou os preços tendem a zero, vamos 'dar de graça' logo de uma vez..." O exemplo maior dele, em Free, é o Google. O maior mecanismo de busca na internet está criando um ecossistema onde você tem tudo de graça — e-mail, processador de texto, planilha, calendário, mapas, navegador, vídeos etc. —, mas que, idealmente, se sustenta com publicidade. (É questionável sob muitos aspectos, mas vamos prosseguir, para concluir o raciocínio...) Conclusão: do mesmo jeito que o Google "dá de graça" — para ganhar dinheiro de alguma outra forma depois —, deveríamos assumir que alguns produtos já são de graça mesmo, e tentar criar uma nova economia que justifique produzi-los daqui pra frente. 

* Onde está o furo de Free? Inicialmente, no fato de que as-coisas-que-estão-na-internet são de graça, só porque podem ser distribuídas (quase) gratuitamente. Ou seja: um álbum pode parecer de graça, para quem o baixa, porque, afinal, fora o preço da conexão, e o tempo, não custou quase nada encontrá-lo, fazer seu download e ouvi-lo imediatamente. Se assumirmos sua "gratuidade", estamos ignorando o custo de gravá-lo, produzi-lo, empacotá-lo, divulgá-lo e distribui-lo (no mundo real). No mínimo, os músicos passaram anos praticando; o produtor passou horas no estúdio; os técnicos de som, idem; as gravadoras tiveram de prensá-lo; o marketing teve de torná-lo conhecido; e a logística permitiu que ele fosse palpável ao consumidor. Claro que não é mais 100% assim, mas — para a maioria do conteúdo que adquirimos on-line durante anos —, foi assim (vamos assumir). Logo, a aceitação do free de Chris Anderson, seria uma espécie de "perdão" pelas nossas "transgressões" on-line, uma "socialização" dos prejuízos (embora eles sejam incalculáveis) e, sobretudo, uma atitude resignada no sentido de admitir que as pessoas, os consumidores, não vão mais pagar, como pagaram, por coisas como discos, filmes, periódicos e até livros... 

* Onde está o segundo furo de Free? No Google. O Google pode dar de graça, por enquanto, processadores de texto como o Word, planilhas eletrônicas como o Excel, armazenamento praticamente infinito de e-mails na internet (Gmail), vídeos que custariam dinheiro no YouTube, mapas que antes comprávamos em bancas de jornal, entre outras coisas, porque fatura bilhões com a venda de palavras-chave associadas a seu mecanismo de busca (onde é líder de mercado etc.). Mas tirando as buscas, e o AdWords, todo o resto, praticamente, dá prejuízo para o Google. O Google, por mais admirável que seja nas suas iniciativas de não nos cobrar por todos esses serviços, cria uma "bolha" no mercado de internet, financiando sites insustentáveis como o YouTube, e desenvolvendo produtos quase pelo prazer de desafiar o reinado da Microsoft, porque Eric Schmidt (CEO) é da mesma geração de Steve Ballmer — entre outras ferramentas, como o Google Earth, que não fazem o menor sentido economicamente, mas que criam uma ilusão, futurista, de que o "de graça" (free) está se expandindo no universo... (Seria como se a mesma Microsoft, em sua riqueza de bilhões em outras décadas, resolvesse fabricar carros de graça, pelo simples prazer de concorrer com a GM, a Ford ou a Toyota.) 

* Portanto, uma consequência lógica disso tudo é que nem todo mundo pode sustentar um modelo de negócios onde o "de graça" assume um papel primordial na estratégia. (Mesmo considerando que o Google se mantenha assim — dando tudo de graça — por toda a eternidade...) Já sabemos, pelo que estamos assistindo, desde a chegada da internet, que gravadoras não podem dar seus discos de graça; estúdios de cinema não podem dar ingressos para as salas, nem DVDs, de graça; revistas e jornais não podem entregar seus exemplares de graça; e, muito possivelmente, editoras (e autores) não podem abrir mãos de seus livros de graça... (Por enquanto, estou trabalhando com o mainstream — que, por esses e por outros motivos, está ruindo desde as últimas décadas do século passado...) Tudo bem, estamos criando outros modelos, que surgiram junto com a internet, mas será que essas novas estruturas vão permitir, culturalmente, o florescimento de novas iniciativas como foram, no auge do século XX, a indústria fonográfica, a indústria do cinema, o mercado editorial, a mídia eletrônica e a grande imprensa? Porque o free, de Anderson, não se aplica ao "velho mundo". Se esse conceito for uma tendência — como afirma categoricamente o mesmo Schmidt do Google —, podemos ir dando adeus ao mainstream e mergulhando, ainda mais fundo, no underground que a internet trouxe... 

* Agora, vamos aos acertos do Free, de Chris Anderson... Em primeiro lugar, é inegável que, com a internet, surgiu, por exemplo, uma "economia da colaboração". Por mais que se desqualifique a informação na Wikipedia, digamos, é notável que um projeto desses tenha surgido, consiga se manter no ar e se sustente, basicamente, graças às iniciativas de seus colaboradores, de produzir artigos... de graça. Ou em troca de valores intangíveis como "reconhecimento", "status", "reputação". Não creio que a motivação principal de Jimmy Wales, ao criar a Wikipedia, tenha sido minar os modelos de negócio das enciclopédias anteriores (em papel) — mas é óbvio que a Wikipedia, mesmo com todos os seus erros, se coloca como uma ameaça a elas. Da mesma maneira que a blogosfera se coloca como uma ameaça ao jornalismo em papel ou, ao menos, como uma ameaça ao jornalismo de grande imprensa na internet. Ninguém vai preferir, conscientemente, se informar pela blogosfera, mas pode acabar se distraindo com ela — e com seu próprio blog —, consumindo, no fim das contas, menos jornais, revistas e até sites da chamada grande mídia. Para essas pessoas, que produzem esse conteúdo, tanto em blogs, quanto em redes sociais, quanto em wikis, o conceito de free se aplica — porque estão entregando um "produto", conteúdo, "de graça" (em troca de alguma motivação mais "social"), enquanto estão, quase sempre inconscientemente, minando um modelo de negócios anterior a elas... 

* A habilidade de Chris Anderson — outro acerto — está, justamente, em querer capitalizar em cima dessa "economia da colaboração". Ele, obviamente, sabe que o velho mainstream não tem como competir com o "de graça". E, pior, o velho mainstream não tem sequer como embarcar no "de graça" — porque estará, muito possivelmente, canibalizando seu negócio principal. E Chris Anderson não está, em absoluto, preocupado em salvar o velho mainstream (o que pode ter irritado Malcolm Gladwell e a New Yorker), mas está preocupado em olhar para frente, incentivando modelos que sustentem o "de graça" (além do Google). Quem pagou a conta do Blogger — e dos milhões de blogs que foram criados na sua plataforma desde 1999 — foi o Google, que adquiriu a ferramenta em 2003, desejando convertê-la em mais um suporte para a sua rede de anúncios na internet (AdSense). Será que pagou, mesmo, a conta? Não sabemos; mas pode ter pago, sim. Tirando o Orkut, que notoriamente dá prejuízo, outra iniciativa que talvez pague a conta, atualmente, é o Facebook. Nesta altura do campeonato, nem Mark Zuckerberg, o fundador, entende como se sustenta a maior rede social do mundo, com mais de 200 milhões de usuários, mas o fato é que já existe uma economia — de anúncios, de marketing direto, de comércio de itens virtuais etc. — que fatura milhões por ano. Sem mencionar o Twitter... OK, o site não tem um modelo de negócios ainda, mas seus investidores não estão brincando a ponto de "financiar" bilhões de tweets à toa... 

* E Chris Anderson acerta, mesmo que não seja economista, quando diz que, digitalmente, estamos vivendo uma "economia de abundância", ao contrário da "de escassez" de antes. Tudo bem que "economia de abundância" vai contra o próprio conceito de economia — a ciência das escolhas num mundo de recursos limitados (ou escassos) —, mas, ao mesmo tempo, ganha sentido se formos pensar que, hoje, temos de escolher, sim, no meio da abundância digital. Abundância de informação, por exemplo.Nas intermináveis discussões sobre feeds e Twitter (como fontes de informação), optamos, antes, pelos fluxos, pelas torrentes ou até pelas correntes que vamos evitar, para chegar, finalmente, no que desejamos consumir. Sem falar nos mesmos discos, filmes e, daqui a pouco, livros — que, de raridades, passaram a nos cercar em downloads frenéticos que ninguém mais consegue usufruir, em e-mails com os próprios arquivos ou indicações insistentes "para baixar", ou até em ofertas, de queima de estoque em lojas de e-commerce, apelando para um passado nostálgico de... escassez de recursos? Claro que existe o "outro lado da moeda": o excesso de informação provoca "escassez de atenção". Gosto de dizer que o nosso tempo não mudou, o nosso dia continua tendo 24 horas e, por mais que a expectativa de vida tenha aumentado, não vamos viver indefinidamente... Mas, ainda que átomos não sejam sintetizados em laboratório como bits, Anderson acerta ao propor uma conversa inevitável para os próximos anos: a da abundância de commodities digitais. 

* Free como livro, no final das contas, não é uma realização de monta como foi The Long Tail. Talvez porque, para quem acompanha as ideias de Chris Anderson, o primeiro é apenas a consequência lógica do segundo. Sem contar que a onipresente crise econômica deve ter soado o alarme dos editores, exigindo um capítulo inteiro apenas sobre esse assunto e um excesso de exemplos de produtos "de graça" (para justificar o título do livro) que podem ter diluído o potencial ensaístico do autor da expressão "cauda longa". Free, contudo, é uma das principais iniciativas no sentido de tentar entender essa nova economia, que não é só pirataria, como gostariam os detentores dos copyrights — e que engaja milhões de pessoas, diariamente, em blogs,wikis e redes sociais, ameaçando, mesmo que inconscientemente, o velho establishment da comunicação e da cultura (para não falar em outras indústrias). Quem nasceu dentro da internet, em termos de modelo de negócio, tem de ler Free — nem que seja para desenvolver novas táticas de sobrevivência. E quem antecede a internet, mas deve lidar atualmente com ela, tem de ler Free — nem que seja para encontrar a saída que o próprio autor não encontrou: como fazer a transição de uma "economia de átomos" para uma "economia de bits" (sem matar o negócio)? A escassez do mundo real não vai acabar tão cedo, mas a abundância do mundo virtual já é um problema para nós — e talvez essa seja mais uma razão para ler o livro de Chris Anderson: precisamos entender direito o que é esse "free" e o que vamos fazer dele daqui em diante...

Para ir além


Julio Daio Borges
São Paulo, 16/10/2009