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sexta-feira, 9 de julho de 2010

INOVAÇÃO: UMA DEMANDA CRESCENTE (com E-Book) - por Cezar Taurion

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claudioprospero
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INOVAÇÃO: UMA DEMANDA CRESCENTE 


por Cezar Taurion 




quote:



Fonte: SBGC - Sinapse News Edição nº 37 - 05/11/2009 





Inovação sempre existiu na nossa sociedade, mas o que vemos ultimamente é uma aceleração do processo. Inovar, em um ambiente econômico cada vez mais desafiador e competitivo, não é mais uma opção, mas uma necessidade de sobrevivência, não apenas para empresas mas também para as nações. A inovação é a arma cada vez mais decisiva na competição por espaços nobres na economia. 




quote:











Apresentação 



Para mim foi um grande honra ter sido convidado para escrever a introdução deste e-book de Cezar Taurion, Evangelista Técnico da IBM, um profissional que admiro há muitos anos. 

Em uma rápida consulta à internet, vemos que o termo “evangelista” vem da palavra Evangelho, que surgiu com o cristianismo e significava boas novas, ou boas notícias. E que o trabalho do evangelista é simplificar o Evangelho e persuadir os homens. Posso testemunhar que Cezar Taurion simplifica qualquer evangelho e persuade multidões, como tem feito em suas inúmeras publicações e palestras, ao longo dos últimos anos. 

Neste e-book, sobre Inovação, não veremos só boas notícias. Ao contrário, logo no início já ficamos sabendo que o Brasil é o vigésimo sétimo país no ranking de patentes registradas nos EUA, entre 1996 e 2006, com 1028 patentes. Neste mesmo período, os EUA registraram 883.269 patentes, o Japão, 317.563, o Reino Unido 106.272, Taiwan 48.930 e a Coréia, 39.475. Recentemente, estamos perdendo terreno para outros países emergentes, como Índia e China. 

O caso da Coréia é exemplar. Com um território oitenta vezes menor que o do Brasil, conseguiu fazer o seu produto interno bruto (PIB) crescer de US$ 65 bilhões para US$ 680 bilhões de 1980 a 2004, enquanto o PIB brasileiro evoluiu de US$ 238 bilhões para US$ 605 bilhões no mesmo período. Como isto foi possível? A resposta é simples: muito trabalho, compulsivo apoio à educação em todos os níveis, incentivo à pesquisa e à inovação. Em paralelo, forte apoio às pequenas e médias empresas, onde é mais comum a inovação acontecer. Ao contrário do que se poderia pensar em um primeiro momento, quem fez a economia da Coréia crescer não foram as grandes empresas, como a gigante Sansung. Foram as centenas de milhares de empresas menores que, organizadas em mais de dez mil APLs (Arranjos Produtivos Locais), fortaleceram a economia, viabilizando as empresas maiores e as cadeias produtivas. 

No livro temos também boas notícias: o Brasil é considerado um país com alto potencial de inovação, senão ainda no papel de inventor, pelo menos como transformador. Mas, para isso, precisamos rever nossa política de incentivo à inovação, pois apesar de nosso país apresentar um grande potencial de crescimento ao final da atual crise mundial, corremos o risco de perder, mais uma vez, o bonde (ou o avião, como diz Cezar Taurion) da história. 

E porque a inovação é tão importante? Como incentivá-la nas empresas brasileiras? Primeiramente, precisamos entender o processo e as suas dificuldades. 

A inovação é inerente ao ser humano e, de certa forma, a todos os seres vivos. Para reagir às mudanças no meio ambiente (e sobreviver a elas), é necessário reinventar-se todo o tempo. Mas, como diz Bauer (*), citando a Teoria da Autopoiesis, formulada pelos biólogos chilenos Maturana e Varela (**), os organismos operam, o tempo todo, como "máquina de se manter como já é". Nós somos, biologicamente falando, máquinas de "mais do mesmo". A grande maioria das pessoas é ensinada desde que nasce a valorizar o convívio com quem pensa igual a elas. Nas empresas, isto não é diferente. Valoriza-se o que já sabemos fazer, o que sempre funcionou. E perseguimos a melhoria da eficiência - fazer "mais do mesmo, melhor", diz Bauer. 

Como a inovação envolve riscos e também o “pensar diferente”, muitas vezes ela não é incentivada. É até mesmo combatida. Niccolo Macchiavelli já dizia, em seu livro “O Príncipe”, (de 1513, pasmem!) que “nada mais difícil do que implantar um novo sistema. Você terá contra si todos aqueles que estão acostumados com o estado atual das coisas e tímidos defensores da nova realidade. Isto decorre de uma característica da natureza humana de não acreditar na verdade das coisas novas senão depois de uma firme experiência”. 

Este é o grande dilema: se não inovarem, os organismos (e as empresas) desaparecerão. Mas, ao mesmo tempo, há uma rejeição à mudança. Muitas vezes, quando ela começa a acontecer, é tarde demais. Como isto se resolve na natureza? É simples: milhares de espécies são extintas, enquanto algumas evoluirão, sobrevivendo e dominando, como fez a espécie humana. Para as empresas, vale a mesma regra, muitas fecharão as suas portas, enquanto outras experimentarão um crescimento assombroso, como foi o caso da Apple, visto neste livro. 

A grande diferença é que, para os organismos, o processo é uma loteria, na base da “tentativa e erro”, erro significando a morte. Para as empresas e para a economia em geral, há a possibilidade de uma intervenção racional e intelectual no processo. Várias técnicas e metodologias como Gestão do Conhecimento, Inteligência Organizacional e Gerência de Projetos, entre outras, podem ser utilizadas para incentivar a inovação nas empresas, e com ela estão intimamente relacionadas (***). 

Para que o Brasil aproveite as oportunidades que se apresentam, será necessário um amplo debate e utilização de eficientes mecanismos de difusão de novas idéias, principalmente as que dão certo na prática. 

Por estes motivos, são extremamente importantes e fundamentais trabalhos como este livro de Cezar Taurion e de seu blog emwww.ibm.com/developerworks/blogs/page/ctaurion. 




Fernando Jefferson 



SBGC – Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento – 

Diretor e Coordenador do Comitê de Pequenas e Médias Empresas 

Technology for Business – Empresa parceira da IBM Brasil 

Diretor Executivo 





Bibliografia 



(*) BAUER, Ruben. Gestão da Mudança: Caos e Complexidade nas Organizações. São Paulo: Atlas, 1998. 

(**) MATURANA, H. e VARELA, F. Autopoiesis and Cognition: The realization of the living. Dordrecht: Reidel, 1980; ver também A Árvore do Conhecimento: As bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: Palas Athena, 2001. 


(***) JEFFERSON, Fernando; GUATIELLO, Heron.; A Gerência de Projetos como Fator Agregador do Conhecimento na Gestão do Processo de Negócio, Dissertação – Prêmio FGV de Excelência - Gerência de Projetos – Fundação Getúlio Vargas - 2005 

(***) JEFFERSON, Fernando.; COUTO, Luiz-Evanio D., Gerenciamento de Micro-Atividades em Projetos, Gestão do Conhecimento e Inteligência Organizacional - Livro "Projetos Brasileiros: Casos Reais de Gerenciamento", organizado por Paul Campbell Dinsmore e Américo Pinto - Editora Brasport - 2007 




Introdução 



A idéia de publicar alguns livros com a coletânea de posts que já escrevi para o meu blog no developerWorks (www.ibm.com/developerworks/blogs/page/ctaurion) vinha me martelando há algum tempo. As minhas observações sobre os acesso ao blog mostravam que depois de algum tempo os posts eram “esquecidos”, uma vez que o ritmo de inserção de novos posts tem sido intenso. Gosto de escrever e um blog me dá a liberdade que as colunas nas revistas especializadas (escrevo para Computerworld Brasil, Mundo Java, Linux Magazine e Espírito Livre), por razões editoriais, não permitem. De maneira geral levanto um post a cada três ou quatro dias. Como escrevo os posts de acordo com o momento, muitas vezes o texto pode até parecer meio deslocado para quem não esteja acompanhando sistemáticamente o tema. O volume de material acumulado, acredito, é bem razoável. O blog começou em janeiro de 2007 e em julho de 2009, quando comecei a preparação desta série de livros, já somava mais de 400 posts. 

Surgiu a idéia: por que não agrupar os posts por assuntos e publicá-los para acesso online? Uma conversa com meu amigo, desenvolvedor e escritor, Claudio de Souza Soares, definiu o projeto. Sim, vou publicar os posts em forma de livro eletrônico. 

A primeira etapa foi agrupar os posts por temas, identificando as relevâncias entre eles. As tags me ajudaram nisso. Assim, cada assunto ou conjunto de assuntos se tornará um livro. Procurei manter os posts, na medida do possivel iguais aos publicados originalmente. Claro que corrigi alguns erros ortográficos, que passaram em branco quando os posts foram inicialmente levantados. 

Este ebook aborda um tema no qual tenho dedicado muita atenção: inovação. O primeiro post sobre o assunto foi levantado em abril de 2007 e de lá para cá foram quase 40 posts, que estão relacionados em ordem cronológica, para melhor entendimento do contexto para os quais foram escritos. 

Inovação sempre existiu na nossa sociedade, mas o que vemos ultimamente é uma aceleração do processo. Inovar, em um ambiente econômico cada vez mais desafiador e competitivo, não é mais uma opção, mas uma necessidade de sobrevivência, não apenas para empresas mas também para as nações. A inovação é a arma cada vez mais decisiva na competição por espaços nobres na economia. O Brasil, por exemplo, precisa acelerar o passo se quiser recuperar o atraso provocado por décadas de instabilidade econômica e reserva de mercado, inibidores de inovação. Embora o Brasil participe com 2% do PIB mundial, é responsável apenas por 0,2% das patentes registradas. 

Em 2006 a IBM publicou um estudo chamado “CEO Study 2006”, como o título de “Expanding the Innovation Horizon” onde mostrava, na opinião dos mais de 750 CEOs entrevistados, a importância estratégica da inovação. O resultado da pesquisa mostrou que pelo menos 2/3 dos CEOs pretendiam fazer mudanças signficativas nos seus negócios nos próximos dois anos. O relatório pode ser acessado em http://

Em 2008 o estudo foi repetido, e neste os CEOs afirmam compromissos com mais mudanças e uma atenção maior ainda em inovação. Uma frase de um CEO, extraído deste relatório, exemplifica bem: “The rate of change has increased dramatically. Customers are demanding radical change in product innovation. Our company will need to greatly increase its capabilities to deal with these demands”. Esta outra frase, também extraída do relatório, é emblemática dos tempos atuais: “We have seen more changes in the last ten years than in the previous 90”. 


Este estudo foi efetuado com 1130 CEOs de todo o mundo e aponta as características do que chama “The Enterprise of the Future” ou “A Empresa do Futuro”, que são: Hungry for Change (Capaz de se transformar rapidamente. Ao invés de apenas reagir as tendências, ela as desenha e lidera), Innovative Beyond Customer Imagination (Surpreende as expectativas dos clientes cada vez mais bem informados e exigentes), Globally Integrated (Negócio desenhado para explorar as características da globalização), Disruptive by Nature (Muda radicalmente seu business model, criando disrupção na base de competição) e Genuine, not Just Generous (Vai além da filantropia e reflete preocupações genuínas com relação à sustentabilidade social e ambiental). 

Portanto, acredito que esta coletânea de posts que debatem diversos aspectos relativos à inovação, inclusive abordando os conceito de Open Innovation, podem ser úteis a quem esteja interessado em estudar um pouco mais o assunto. 

Todos os URL que aparecem nos textos foram acessados e checados durante a preparação original dos posts, mas como a Web é extremamente dinâmica, existe a grande possibilidade de alguns destes URL já não existirem ou terem sido alterados, pelos quais pedimos antecipadamente nossas desculpas. Adicionalmente, como nos últimos anos li alguns bons livros sobre o assunto inovação, tomei a liberdade de sugerir sua leitura como material de pesquisa e estudo adicional. Esta relação bibliográfica foi inserida no fim do ebook. 

Lembro também que as opiniões expressas neste ebook e em toda a série de ebooks (como o foram no blog) são fruto de estudos, análises e experiêncis pessoais, não devendo em absoluto serem consideradas como opiniões, visões e idéias de meu empregador, a IBM, nem de seus funcionários. Em nenhum momento, no blog e aqui, falo em nome da IBM, mas apenas e exclusivamente em meu nome. 




Cezar Taurion 

Agosto de 2009
18/11/2009 2:02 PM


claudioprospero
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INOVAÇÃO: UMA DEMANDA CRESCENTE - trechos selecionados 






quote:





Uma rede de inovação multinacional contém papéis diferenciados, onde os países assumem estes papéis de acordo com seus pontos fortes ou viés como: 





1.Países com viés inventor, ou sejam, aqueles países com forte ênfase em universidades de alto nível e sólidos e reconhecidos centros de pesquisas. São os países que geram um grande número de patentes. Estes países formam grande número de pesquisadores e acadêmicos com mestrado e doutorado. Seus governos apóiam enfaticamente programas de inovação. 





2.Países com viés de financiador, que são aqueles com forte ênfase em investimento externo. Investem significativa parte de seu PIB em pesquisa e desenvolvimento, inclusive no exterior. 





3.Países com o viés de transformador, que são aqueles que convertem as invenções em negócios de alto valor para a sociedade. São países com forte industrialização e sólida infra-estrutura de logística e comunicação, bem como ênfase em pesquisas aplicadas. São países bem abertos comercialmente ao mercado externo, inseridos plenamente em um contexto globalizado. Podemos incluir países que tenham uma vantagem comparativa em relação a outros em determinados fatores, como por exemplo, fontes de energia alternativas. 





Claro que para fazer uma análise criteriosa é necessário um estudo mais aprofundado e dados confiáveis. Não os tenho...Mas, de forma empírica, podemos analisar o Brasil sob estes três aspectos e tentar classificá-lo da melhor forma. 



O Brasil não pode se classificar como um país focado na invenção. Temos invenções sim, mas não existem condições para o país assumir este papel em mundo globalizado e competitivo, onde países como os EUA, Alemanha, Reino Unido, Japão, Coréia, Finlândia, Suécia e alguns outros já assumiram este papel e será muito difícil (ou impossível) ultrapassá-los. Também não podemos nos classificar como um país investidor ou financiador. Nem precisamos pensar muitos sobre as razões! 





E quanto ao papel de transformador? Temos alguns pontos negativos, mas também alguns fatores positivos. Quando falamos em energias alternativas temos uma liderança mundial em biocombustiveis, temos potencial para crescer energias alternativas como eólica e solar e nossa matriz energética é à base de hidrelétricas, com pouca utilização de carvão e óleo diesel. Somos bons em TI, como demonstram soluções de comércio eletrônico, Internet Banking e outras. Ano passado (2006), a IBM realizou um concurso chamado IBM Insite, para oferecer espaço para construção de aplicativos inovadores. A resposta foi sensacional. Tivemos muitos exemplos inovadores, o que prova que temos capacidade de usar tecnologias já existentes e criar soluções vencedoras. Esta deve ser nossa praia! Em tempo o vencedor do Insite foi um aplicativo que cria um ambiente de ensino chamado Aprenda Java, que pode ser visto em http://www.aprendajava.com.br . 




Mas para assumir este papel em um contexto global temos que enfatizar e desenvolver alguns programas como: 

• Aumentar a utilização da tecnologia da informação e da Internet, principalmente com maior acesso por banda larga; 

• Melhorar os níveis educacionais das universidades, aproximando-as do mundo real. Universidades em países com viés transformador devem estar muito mais próximos do ambiente de negócios que da pesquisa pura. O seu forte deverá ser pesquisa aplicada, ou seja, como aplicar invenções (inclusive as geradas lá fora) para gerar produtos e serviços inovadores; 

• Melhorar a infra-estrutura de logística e comunicação; 

• Ampliar a abertura comercial e expurgar ideologias que pregam isolacionismo; 

• Investir intensamente em programas de apoio à inovação, focadas em aplicações práticas. 



É um roteiro difícil. Mas podemos chegar lá







Analisando alguns dos países em desenvolvimento como Índia, China e Brasil vemos estratégias diferenciadas. A China busca atrair capital estrangeiro em joint-venture, dentro do conceito de “aprender, fazendo parecido”. Os chineses estào seguindo a mesma trajetória dos coreanos nas décadas de 80 e 90. Hoje a Coréia do Sul está em 17º no ranking dos países inovadores, resultado do esforço para absorver e adaptar tecnologias importadas, com alta produtividade. A maior parte dos recursos em P&D vem do setor privado (75%). A Índia, por sua vez, se destaca nas soluções voltadas para o consumo de baixa renda, embora também tenha excelência na indústria farmacêutica e software. 


O Brasil ainda está, na minha opinião, em busca de seus caminhos. O fascínio por inovações radicais (invenções) não é o melhor caminho. 

Precisamos primeiro ter a capacidade de fazer os que os outros já fazem e depois inventar. Inovar usando invenções alheias, com foco no aperfeiçoamento e novos usos é uma tática que reduz riscos e custos, importante para um país com falta de capital. Um exemplo: os celulares mais modernos envolvem pelo menos umas 5.000 patentes e nenhum dos atuais maiores fabricantes inventou o aparelho! 




Inovação e as oportunidades para o Brasil 


Já comentei sobre a questão da inovação e as oportunidades do Brasil para inovar em tecnologia da informação. É um caminho que precisamos ou melhor devemos trilhar. Não é fácil. Temos vários desafios. Um deles é estabelecer uma política capaz de transformar a produção científica em fonte geradora de riqueza e consolidar uma cultura empresarial e acadêmica voltada à inovação. 

Então o que precisamos fazer? Precisamos rever nossa política de incentivo à inovação. Na minha opinião pessoal, não basta criar leis como a Lei de Inovação, sem implementar mecanismos eficazes. Esta lei ainda está em sua maioria no papel e já se passaram dois anos de sua promulgação! Somos muito bons em colocar leis no papel, mas somos muito ruins em fazê-las acontecer. 

Precisamos organizar adequadamente os mecanismos de incentivo à inovação. Mais de 60% dos financiamentos à pesquisa são feitos com recursos públicos, enquanto que nos paises desenvolvidos a iniciativa privada arca com 60%, chegando mesmo a 80% como nos casos dos EUA e Japão. 

Outro sintoma preocupante é o descompasso entre a produção cientifica e as patentes registradas. Nos últimos vinte anos o número de artigos publicados por pesquisadores brasileiros saltou de dois mil para 15 mil por ano, o que nos coloca na décima sétima posição no ranking mundial, segundo o Institute for Scientific Information, principal indexador de publicações cientificas do mundo. Mas, apesar disso, em 2005 registramos apenas 77 patentes nos EUA, contra 4.300 da Coréia, que tem uma produção cientifica similar à nossa. 



O Brasil tem grandes oportunidades de se inserir globalmente como inovador na área de tecnologia da informação e temos que fazer isso com prioridade, para não perdermos (mais uma vez) o trem da história. A academia tem que estar mais antenada com o mercado e menos ideológica. As empresas têm que buscar maior aproximação com as universidades e o governo tem que incentivar mecanismos que criem empreendedores na área de tecnologia da informação. Os encargos dos créditos e as burocracias têm que ser drasticamente reduzidas, de modo que pequenos empreendedores possam começar seus negócios. A inovação tende a ser gerada em sua maioria por pequenos negócios. 






Comentários atualizados em agosto de 2009 





Na minha opinião a idéia que as universidades sejam as únicas responsáveis por criar inovação não tem validade. O papel das universidades é formar pessoas e manter contato com as fronteiras do conhecimento, reduzindo a distância entre criação e inovação. O papel das empresas, por outro lado, é de estar em contato com o mercado, de onde realmente surgem as inovações. Além disso, temos outras questões ainda não resolvidas como o alto custo do capital, um complexo e distorcido sistema tributário e uma infraestrutura deficiente, como uma ainda baixa disseminação de banda larga. Outro entrave é a burocracia e o velho modelo organizacional da hierarquia, que impedem o empreendedorismo e inovação. Neste modelo as pessoas ficam receosas de desafiar o convencional e sugereir novas formas de fazer as coisas. 





Também é absolutamente necessário dispor de recursos humanos capacitados e com mentalidade empreendedora, o que ainda não é comum na formação universitária. As universidades deveriam incentivar mais intensamente o empreendedorismo, complementando seus currículos de formação técnica com disciplinas que fornecessem visão empresarial. 




O iPod também alavancou uma mudança significativa na indústria de música. Há poucos anos atrás esta indústria era controlada por um punhado de grandes corporações que não prestaram a devida atenção ao surgimento do MP3. Enquanto elas estavam encasteladas defendendo seus modelos de negócio altamente lucrativos, o fenômeno do MP3, aliado à novos modelos de distribuição pela Internet, como o Napster, se alastrou rapidamente. Quando acordaram, o MP3 e a distribuição digital de música já tinham alcançado massa crítica suficiente para alterar definitivamente a dinâmica do setor. Os esforços destas empresas de preservar seu espaço via processos contra seus próprios clientes só fez aumentar o problema. Nenhuma indústria combate seus próprios clientes e sai ilesa. 

A Apple entendeu que havia uma oportunidade excelente: entrar no negócio de música digital. O resultado foi o iPod. E como um iPod de 300 dólares armazena mais de 3.000 dólares em conteúdo, nada mais natural que entrar também no segmento de distribuição, com o iTunes. O iTunes já vendeu mais de 2,5 bilhões de musicas, tem em seu catálogo mais de cinco milhões de músicas para download. Com a combinação iPod e iTunes, a Apple captura grande parte do valor da industria de música. 

Este tsunami que está transformando indústria de música é um exemplo típico de um setor que tentou ignorar as mudanças e está sendo, de forma traumática, redesenhado. Moral da história: as mudanças acontecerão, queiramos ou não. Portanto é melhor estarmos na linha de frente, liderando o processo de mudanças. 





quote:





Para encerrar, uma adaptação livre de uma frase fantástica do poeta Mário Quintana: “A Internet não muda o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. A Internet só muda as pessoas”. 





26/11/2009 6:57 PM


claudioprospero
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 RE: INOVAÇÃO: The Innovator’s Dilemma  (em resposta à claudioprospero

The Innovator’s Dilemma 






quote:



por Cezar Taurion 





Em 2001 li um livro que me marcou muito: “The Innovator’s Dilemma”, de Clayton M. Christensen. O livro aborda o fracasso de empresas ao se defrontarem com mudanças que causam disrupções nos seus mercados. Analisa empresas de sucesso que não conseguiram inovar na velocidade adequada e ficaram para trás. Cita diversas empresas de renome como Sears Roebuck, e na área de TI nomes outrora famosos como Digital, Data General, Wang e outras. 

Uma parte muito interessante do livro é a proposição dos cinco princípios ou leis das tecnologias de disrupção, que ao serem ignoradas enfraquecerão as empresas que atuam nos setores afetados. 



Estes princípios ou leis são





Princípio 1: As companhias dependem de clientes e investidores para gerar recursos. Ele observa que as empresas mais bem sucedidas em um paradigma criam mecanismos muito eficientes para abortar idéias que não agradam a seus clientes e investidores e como resultado tendem a não investir em tecnologias de disrupção, que geram oportunidades de lucros menores e que seus clientes não querem, pelo menos inicialmente. Quando eles passam a querê-las, aí é tarde...Outras empresas já dominam o mercado destes produtos. 





Princípio 2: Mercados pequenos não solucionam a necessidade de crescimento de grandes empresas. Tecnologias de disrupção possibilitam o surgimento de novos mercados, geralmente pequenos no seu início. As grandes corporações precisam de receitas gigantescas e não conseguem entrar em mercados que geram receitas menores. De maneira geral sua estratégia é esperar até que estes mercados sejam grandes o suficiente para se tornarem atrativos. Mas com frequencia esta estratégia não funciona... 





Princípio 3: Mercados que não existem não podem ser analisados. Não existe pesquisa de mercado para eles. Empresas cujos processos de investimento demandam a quantificação dos tamanhos dos mercados e dos retornos financeiros, antes que possam entrar em um mercado, ficam paralisadas ou cometem sérios erros de avaliação ao se depararem com tecnologias de disrupção. 





Princípio 4: As capacidades de uma organização definem suas incapacidades. O autor observa que as capacidades de uma organização concentram-se em dois fatores. O primeiro está em seus processos e o segundo nos valores da organização, critérios que os executivos e gestores utilizam quando tomam decisões sobre as prioridades. Mas um processo eficiente para um determinado tipo de produto pode ser muito ineficiente quando temos um produto baseado em uma tecnologia de disrupção. Além disso os valores fazem com que as decisões priorizem projetos de desenvolvimento de produtos de alta margem, deixando em segundo plano os de baixa margem, como os que envolvem tecnologias inovadoras. 





Princípio 5: A oferta da tecnologia pode não ser igual à demanda do mercado. Apesar de inicialmente poderem ser utilizadas apenas em mercados pequenos, tecnologias de disrupção produzem rupturas porque podem posteriormente ter desempenho plenamente competitivo dentro dos mercados habituais, em comparação com produtos já estabelecidos. O autor observa que o ritmo da evolução dos produtos frequentemente excede a taxa de melhoria do desempenho que os clientes habituais procuram ou podem absorver. Estes produtos apresentam excesso de desempenho. Assim produtos, que apresentam no início características de funcionalidade que estejam próximas das necessidades do mercado atual seguirão trajetórias de melhorias que os fará superar as necessidades dos mercados habituais no futuro, oferecendo desempenho altamente competitivo, substituindo os produtos pré-estabelecidos. 







quote:





Vale a pena ler o livro. 



Como exercício, olhem produtos de software como o Linux, o MySQL, o PostgreSQL, o OpenOffice e o Eclipse e vejam como enquadrá-los nos princípios acima e como muitas das empresas do setor reagiram ou ainda estão reagindo. 

Olhem também o Skipe, o YouTube, o Second Life e o Google. 

Vejam que impactos estão causando. 

E que ainda causarão! 

26/11/2009 7:47 PM


claudioprospero
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O Modelo de Open Innovation em P&D 






quote:





O cenário de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) está em transformação. O modelo tradicional de P&D, com as universidades desenvolvendo a pesquisa básica e a indústria encarregada do desenvolvimento e “go-to-market” foi criado pelo então conselheiro científico do presidente americano Franklin Roosevelt, Vannevar Bush, no fim da Segunda Guerra Mundial. Seu documento chamado “Science, the Endless Frontier”
 (http://www.nsf.gov/od/lpa/nsf50/vbush1945.htm) definiu o processo de pesquisas dos EUA e serviu de modelo para todo o mundo. 



Este modelo, foi, indiscutivelmente muito bem sucedido, com inúmeras tecnologias e produtos inovadores chegando ao mercado. Mas hoje o contexto é diferente. O ritmo de expansão do conhecimento humano está se acelerando. Como curiosidade, Kevin Kelly, co-fundador da publicação Wired, publicou em um artigo no New York Times (http://www.nytimes.com/2006/05/
14/magazine/




14publishing.html?ex=1305259200&en=c07443d368771bb8&
amp;ei=5090) alguns dados muito interessantes: dos sumerianos até hoje, nós, seres humanos, produzimos pelo menos 32 milhões de livros, 25 milhões de músicas, 500.000 filmes e 100 bilhões de páginas Web. 





A velocidade das mudanças está cada vez mais acelerada e as pesquisas devem trazer retorno muito mais rapidamente que antes. Como resultado, questiona-se cada vez mais se este modelo, que mantém em separado a pesquisa (em uma bolha, isolada do mundo real) e o desenvolvimento, ainda é válido. 



Tem um comentário muito interessante de John Brown, ex-diretor do famoso PARC (Xerox Palo Alto Research Center) que disse: “The corporate research labs of the old days are really not going to be the basis of what is new. This is getting to be a new kind of game”. E comenta: “When I started out running PARC, I thought 99% of the work was creating the innovation, and then throwing it over the transom for dumb marketers to figure out how to market it. And now I realise that there is at least as much creativity in finding ways to take the idea to market as coming up with the idea in the first place. I would have spent my time differently had I figured this out early on”. 

No nosso setor de TI, a inovação concentra-se cada vez mais no software que no hardware e a visão prática do mundo real é absolutamente fundamental para que as inovações sejam bem sucedidas. Além disso, em software, o ciclo de inovações é muito rápido. 

Na IBM, por exemplo, o processo de aglutinar pesquisa e desenvolvimento já começou. A IBM tem oito laboratórios de pesquisa e seus pesquisadores, que antes eram avaliados pelo número de papers e patentes, hoje, além das pesquisas, desenvolvem projetos em parceria com consultores, em projetos inovadores para clientes. Um exemplo prático desta parceria entre pesquisadores e consultores é a iniciativa chamada On Demand Innovation Services. 

Mas não é só. Como cada vez mais inovação vem de funcionários e clientes, e não mais ficando restrita a R&D, a IBM criou um programa chamado Technology Adoption Program (TAP) que busca identificar funcionários inovadores, apoiá-los em seus protótipos e aglutinar estas inovações com outros funcionários que as testam em primeira mão (“alpha testers”). Um exemplo bem sucedido gerado por este programa foi um modelo matemático de qualificação de leads de vendas, que ajuda os vendedores na definição de suas prioridades. Outro exemplo é o Expertise Locator, que busca na Blue Pages (nossas páginas amarelas...) profissionais que possam ajudar a resolver determinado problema, baseado nas suas qualificações técnicas. 

Existem outras iniciativas de R&D que saem do modelo tradicional e abrem janelas para a colaboração. Colaboração não é novidade entre cientistas, pois o conceito de “peer review” já está bem entranhada nesta comunidade. A novidade é a colaboração entre empresas. 

Uma iniciativa muito interessante é a InnoCentive (http://www.innocentive.com). É uma comunidade inovadora que busca criar uma rede de pesquisadores e cientistas para desenvolver pesquisas aplicadas. É uma mudança radical no conceito de se fazer pesquisas: parte do princípio que não dá para se fazer tudo em casa! Muitas empresas (entre elas estão a Boeing, DuPoint, Novartis e Procter & Gamble) recorrem a esta comunidade para buscar inteligência que não terão dentro de casa e que poderão desenvolver pesquisas específicas, retornando produtos e serviços muito mais rapidamente que se fossem desenvolvidos internamente. Funciona mais ou menos como o eBay, com empresas buscando soluções de P&D e pesquisadores mostrando seus resultados. Claro que existe aí um negócio muito lucrativo para os dois lados. Pesquisadores obtendo recompensas financeiras pelos seus trabalhos e empresas acelerando seu time-to-market. E já existem outras comunidades similares como Eureka Medical (http://www.eurekamed.com), Innovation Relay Centres Network (http://irc.cordis.lu) e YourEncore (http://www.yourencore.com).




Desenvolver fora de casa é uma quebra no modelo tradicional. A Procter & Gamble é um exemplo bem interessante. Há alguns anos atrás eles fizerem uma pesquisa interna e viram que estavam investindo 1,5 bilhões de dólares em R&D, gerando centenas de patentes, das quais apenas umas 10% chegavam ao mercado através de produtos. Mudaram a estratégia: agora eles colocam todas as patentes disponíveis para serem licenciadas, desde que existam há pelo menos cinco anos ou que estejam em uso em algum produto da P&G por pelo menos três anos. Segundo a empresa, isto provoca uma maior pressão por inovação, pois o estoque de inovação tem que ser constantemente renovado. A IBM faz coisa similar, licenciando muitas das suas patentes ao mercado. 

Aliás, já existe um marketplace eletrônico dedicado à comercialização de inovações e patentes, o Yet2 (www.yet2.com). Vale a pena dar uma olhada no site. 

Manter um forte R&D interno ainda é importante, mas cada vez mais torna-se essencial abrir o procsso de gerar inovação para colaboração, interna (funcionários) ou externa (clientes e parceiros de negócios). Este novo contexto vai obrigar as empresas (como a IBM já está fazendo) a repensarem suas estratégias de R&D. Mas também vai obrigar as universidades a atuarem mais integradas com indústria. Não podem mais ficar isoladas em suas pesquisas do mundo real. Muitos pesquisadores ainda dizem, “temos que pesquisar sem contaminação”.... Bem, na minha opinião invenções e idéias criativas só tem valor se transformadas em inovações de negócios.IBM@University
26/11/2009 8:05 PM


claudioprospero
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Innovation: the five disciplines for creating what customers want 



uma dica de leitura. 

Há poucos meses terminei a leitura de um livro muito interessante sobre inovação, chamado “Innovation: the five disciplines for creating what customers want”, de Curtis R. Carlson e William W. Wilmot. Logo no seu primeiro capítulo citam uma frase de um professor da Universidade Stanford, que é emblemática da importância da inovação: “Innovation is now the primary driver of growth, prosperity, and quality of life”. 

A proposta do livro é mostrar que inovação não acontece no vácuo. Demanda um ambiente adequado, talentos e investimento, e propõe criar cinco disciplinas que incentivam inovação nas empresas (deixei no original em inglês): 

a) Important Needs: Work on important customer and market needs, not just what is interesting to you; 

b) Value creation: Use the tools of value creation to create customer value fast; 

c) Innovation Champions: Be an innovation champion to drive the value-creation process; 

d) Innovation Teams: Use a multidiscplinary, team-based approach to innovation to create a collcetive, genius-level IQ; 

e) Organizational Alignment: Get your team and enterprise aligned to systematically produce high-value innovations. 

Segundo os autores, falhar em uma destas disciplinas vai inevitavelmente levar ao fracasso do projeto de inovação. 

Bem, eles falam com conhecimento de causa, pois são executivos da SRI International (http://www.sri.com/), organização independente de P&D, que criou entre outros produtos, o mouse que usamos nos computadores e as designações .com, .org e .gov da Internet e diversas outras inovações.
26/11/2009 8:35 PM


claudioprospero
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Como uma inovação se dissemina no mercado? 



Felizmente, temos para nos auxiliar uma disciplina de estudo chamada de substituição e difusão de tecnologia, que oferece uma teoria de como as tecnologias substituem umas as outras. 

Vamos usar as chamadas curvas em “S” para nos ajudar a entender a evolução tecnológica. O processo de substituição de uma tecnologia por outra ocorre quando a tecnologia substituta oferece um incentivo para a troca, em virtude de uma melhor proposição de valor. A difusão é o processo pelo qual um mercado adota uma tecnologia substituta. 

A adoção de uma inovação obedece ao processo de difusão de mercado. A velocidade da difusão é função de: 



1.Proposição de valor. Deve demonstrar claramente a superioridade da sua proposição de valor e sua vantagem econômica (mais velocidade, melhor escalabilidade...) frente aos modelos existentes concorrentes; 





2.Infra-estrutura. A rapidez com que uma infra-estrutura de apoio (ecossistema ou empresas que gravitam em torno da inovação) é estabelecida para complementar e dar suporte à nova tecnologia ou produto; 





3.Descoberta. Velocidade com que canais de substituição são usados para alcançar, persuadir e influenciar o mercado; 





4.Facilidade de substituição. O esforço (tempo, custo, treinamento) necessário para adotar a inovação; 





5.Defesa. As empresas que defendem seu espaço não ficam inertes, mas reagem ao movimento disparado pelas novas tecnologias e ao fazer isso, alteram as proposições de valor comparativas; 





6.Timing. Uma inovação é aceita quando “o mundo” está “preparado” para aceitá-la. Se aparecer fora do tempo não terá sucesso. 




A curva em “S” ilustra o ciclo de vida típico de uma tecnologia. Nos seus primeiros estágios uma tecnologia ainda está incompleta e apenas motiva um nicho de mercado, com objetivos muito específicos para seu uso. 

Posteriormente evolui para estágios onde são efetuadas melhorias significativas e aparecem retornos maiores em sua proposição de valor. 

Finalmente aparece o estágio da maturidade e posterior obsolescência, quando os limites da tecnologia são alcançados. Torna-se cada vez mais difícil implementar melhorias, e para cada centavo gasto em pesquisa e desenvolvimento, menos de um centavo é gerado no valor agregado. 



A difusão da tecnologia pelo mercado também obedece a uma curva em “S”. O ponto onde a taxa de difusão é mais alta é chamado de ponto de inflexão. Neste ponto, a maior parte das barreiras para aceitação da tecnologia pelo mercado já foi contornado. Na verdade temos multiplas curvas em “S”, com diversas tecnologias sobrepondo-se umas às outras. Uma nova tecnologia não necessariamente elimina a anterior. Ainda usamos Kombis, máquinas de escrever e mimeógrafos... 



Mas o fato é que as curvas tecnológicas de TI estão se acelerando e os tempos de surgimento entre uma e outra inovação vem diminuindo rapidamente.



E com esta teoria podemos estimar algumas tendências tecnológicas? 



Bem, para termos algumas chances de acerto podemos identificar algumas inovações que realmente representam uma disrupção no mercado: que tal pensarmos no paradigma da computação colaborativa (social computing, com seus vários apetrechos como microblogging), convergência digital(e uma maior integração entre celulares e a Web), Web 2.0 e SOA (e a junção entre estes dois mundos), Web semântica (atenção à RSS, search engines especializados e meta search engines), Internet 3D (Virtual Worlds)Open Source pervasive computing (computing everywhere) ? 

Já tem gente querendo chamar estes futuros movimentos de Web 3.0. Neste caso proponho batizar de Web 4.1. Se é para inovar, por que não dar logo um salto grande? 

Mas, falando sério, no meu entender estas inovações representam claras vantagens econômicas e tecnológicas em relação ao contexto atual, abrem inúmeras oportunidades de criação de novos ecossistemas e ampliam os atuais. 

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26/11/2009 8:44 PM

claudioprospero
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Colaboração e Inovação 



Participei de um seminário muito interessante chamado Inovação Competitiva, organizado pela IQPC (www.iqpc.com/br/inovacao). Atuei do evento como presidente de mesa e apresentando a palestra “Inovação como vantagem estratégica e competitiva”, contando o case IBM. 



Um dos assuntos que abordei foi a questão do conhecimento colaborativo e de como usá-lo para incrementar os processos de inovação nas empresas. 

As iniciativas de knowledge management nunca tiveram muito sucesso e a grande maioria simplesmente falhou. 

A razão é simples: os approaches atuais visualizam o conhecimento como um recurso finito e estático que pode ser capturado e armazenado em repositórios, para posteriores consultas. 

Mas, eu vejo de outra maneira bem diferente: para mim conhecimento é um recurso infinito e dinâmico, gerado e potencializado pelas atividades de colaboração, sejam estas internas ou externas à empresa

Conhecimento e informação são diferentes. 



Conhecimento é uma informação validada e aplicada em algo prático. Conhecimento não é pré-existente. Ele é gerado quando equipes de trabalho se engajam em um problema e geram uma solução. E ao contrário de um bem físico, o conhecimento aumenta de valor quando é usado, compartilhado e incrementado por novas interações. E colaboração é a base para tornar o conhecimento vivo. A troca de informações entre pessoas leva à inovação e a geração de novas idéias. Inovação não floresce em um ambiente isolado e fechado! 




E como este assunto se inseriu na palestra? Ora, para uma empresa competir em um cenário de negócios em rápida mutação, como atualmente, precisa estar constantemente inovando e para isso, precisa trocar conhecimento com seus clientes, fornecedores e parceiros de negócio. Com uma ativa rede colaborativa de troca de informações e conhecimento a organização está continuamente se reciclando, sincronizando seus processos às dinâmicas do mercado. 

As tecnologias de colaboração e social computing incentivam a colaboração e devem ser vistas como base para qualquer iniciativa mais séria de inovação. Mas, tecnologia por si não é suficiente. Esta é falha de muitos vendors de software. Tentam vender tecnologias por si, sem considerar os aspectos sócio-tecnológicos, ou seja, as pessoas e as dimensões culturais e organizacionais das empresas. Ferramentas de colaboração não são vendidas para técnicos! 

Criar cultura de colaboração e inovação não se faz simplesmente adquirindo a tecnologia A ou B, mas é um projeto de longo prazo, com intenso comprometimento das lideranças da empresa. 

Colaboração, por exemplo, quebra paradigmas. Muitas empresas agem como se suas unidades de negócio (UN) fossem concorrentes, com os vendedores priorizando os produtos de sua UN, em detrimento das estratégias ou de um melhor negócio para a empresa como um todo. O que vale é o fechamento da cota no fim do mês. Mesmo às custas de um prejuízo para a estratégia global do negócio. 

Por outro lado está claro que o cliente quer uma solução para seus problemas. Ele não quer comprar produtos isolados. E para oferecer uma solução, muitas vezes é necessário cruzar os limites das unidades de negócio e seus organogramas. Bem, para isso é essencial o trabalho em colaboração. 

As ferramentas de colaboração criam redes sociais que extrapolam as estruturas organizacionais, alcançando até colaboradores externos. Em uma rede social, não existe organograma, mas sim uma rede de troca de informações e conhecimentos. Fantástico, não? Mas não é simples de construir. Muitas empresas não tem cultura de colaboração (nem mesmo entre seus próprios departamentos) e vêem com receio a participação de pessoas de fora em discussões sobre produtos e inovações. 



A mudança passa por uma reengenharia do mind set da organização. Em uma rede social, parceiros, clientes e fornecedores devem ser vistos como colaboradores e as fronteiras do que pode e o que não pode ser debatido abertamente se expande significativamente. As estruturas organizacionais devem refletir o espírito de um ambiente colaborativo. O mesmo deve acontecer com as políticas de RH e recompensas. 



O processo de evolução de um “mind set” isolado e individualista para um contexto colaborativo e aberto é gradual. Não se consegue dar saltos, mas evolui-se gradualmente, à medida que amadurece na empresa o conceito de colaboração. Não se colabora por decreto.
26/11/2009 9:03 PM


claudioprospero
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CEO 2008: Enterprise of the Future 



A IBM anunciou o CEO Study 2008, estudo feito a cada dois anos com CEOs do mundo inteiro. 

No último relatório, de 2006, as questões de inovação, mudanças e transformações foram o principal foco de atenção dos executivos. 

Agora, os CEOs antecipam mais mudanças e uma atenção maior ainda em inovação. 

Uma frase de um CEO, extraído do relatório, exemplifica bem: “The rate of change has increased dramatically. Customers are demanding radical change in product innovation. Our company will need to greatly increase its capabilities to deal with these demands”. 

Esta outra frase, também extraída do relatório, é emblemática dos tempos atuais: “We have seen more changes in the last ten years than in the previous 90”. 

O estudo de 2008 foi efetuado com 1130 CEOs de todo o mundo e aponta as características do que chama “The Enterprise of the Future”, que são: 



Hungry for Change (Capaz de se transformar rapidamente. Ao invés de apenas reagir as tendências, ela as desenha e lidera) , 





Innovative Beyond Customer Imagination (Surpreende as expectativas dos clientes cada vez mais bem informados e exigentes), 





Globally Integrated (Negócio desenhado para explorar as características da globalização), 





Disruptive by Nature (Muda radicalmente seu modelo de negócios, criando disrupção na base de competição) e 





Genuine, not Just Generous (Vai além da filantropia e reflete preocupações genuínas com relação à sustentabilidade social e ambiental). 




Acessem o site www.ibm.com/enterpriseofthefuture para ter acesso ao relatório. 

Aproveitem e façam um rápido benchmark online, onde vocês poderão comparar sua empresa com as outras do setor e da geografia.
26/11/2009 9:35 PM

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