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edição 174 - Janeiro/2000
edição 174 - Janeiro/2000
O bit manda no universo?
No fundo, bem no fundo, o universo é feito de bits, não de átomos
Um dos mais importantes feitos científicos dos últimos tempos foi o seqüenciamento do genoma, o mapa que é uma espécie de carteira de identidade genética de cada ser vivo. O trabalho de decifrar o código da vida, traduzido em milhões de letras A, T, C e G (iniciais dos ácidos do DNA), só foi possível depois que os computadores poderosos entraram na rotina dos biólogos. Mas a intersecção entre a gênese da vida e a computação não se limita a isso. A vida, os átomos e as partículas quânticas que os compõem são nada mais nada menos do que bits de informação - a verdadeira força que move o mundo e faz as coisas serem como são.
Assim, o jornalista Tom Siegfried, editor científico do jornal americano Dallas Morning News, sintetiza uma idéia que agita os neurônios dos mais renomados físicos, matemáticos e especialistas nas ciências da vida: o universo vem do bit. Em O Bit e o Pêndulo - A Nova Física da Informação (Ed. Campus, 272 páginas, 43 reais), Siegfried compila as mais avançadas pesquisas científicas para mostrar que a recém-chegada Era da Informação não se limita à esfera econômica, mas à própria síntese da vida.
Na antigüidade, essa síntese era representada pelo fogo, que na Revolução Industrial deu lugar ao modelo da termodinâmica, gerado pela física newtoniana, que por sua vez funciona até chegarmos às partículas quânticas, onde as leis mudam. Nesse micromundo, a momentânea direção de 1 spin, para cima ou para baixo, funciona como 1 bit de informação, que nossos computadores, que trabalham no sistema binário, reconhecem como 0 ou 1. O resultado é que o computador pode ser usado como metáfora para representar o mundo.
O Bit e o Pêndulo é um livro denso, que exige de quem o lê pelo menos uma vaga lembrança das disciplinas vistas nos últimos anos de colégio. Mas, por isso mesmo, é uma leitura deliciosa, que conduz àquela sensação rara de descoberta sobre as coisas do mundo que passam despercebidas por todos nós e que os cientistas estoicamente cuidam de decifrar e trazer a nosso conhecimento.
A informação física
Os estudos da física envolvida no processamento da informação reforçaram a idéia de que a informação é mais que uma metáfora. Não se trata de alguma coisa abstrata e subjetiva, mas de algo tão real quanto o átomo, a energia e as rochas. A informação pode ser quantificada. Está sempre associada a manifestações concretas, como marcas de tinta no papel, furos em cartões perfurados, padrões de magnetização em disquetes e seqüências de bases em moléculas de DNA. Essa é uma das descobertas mais profundas e mais importantes da ciência moderna, embora uma das menos valorizados e menos compreendidas: a informação é física
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